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Debate Político com Leonardo Pedreira




Uma princesa, uma lei e um povo.
Os fatos por trás da liberdade do povo de cor


Nada contra os monarquistas saudosistas dos nossos dias ou com os que querem ver a Princesa Isabel como mais uma santa brasileira, se bem que estaria mais para luso-brasileira, realmente nada contra, questão de opinião, agora o fato dela vim a ser beatificada por conta da assinatura da Lei Áurea merece um estudo profundo da questão e um conhecimento por trás dos desdobramentos que o assunto pode vim acarretar, além dos contornos que envolvem a questão.
Os encalços da política na história do negro no Brasil quanto à escravidão e posteriormente “fim” desta, escreve uma história desde sua assinatura aos dias atuais onde o negro foi um simples e mero espectador em todo processo de escravidão, jamais protagonista de seus atos, lutas e conquistas pela liberdade, muito tendencioso por sinal. Na verdade, para muito mais além do que se é ensinado e amplamente divulgado, não se deu somente pela institucionalização da Lei Áurea, mas por uma série de caminhos e formas onde o negro mostrou sua força, resistência e habilidade para conquistar a sua liberdade, em que muitas vezes se deu pela compra desta através de trabalho árduo e sub-humano por longos anos, sem falar nas lutas de resistências por anos nos engenhos espalhados pelo nordeste, dentre os quais posso citar os famosos “insubmissos” do Engenho Santana de Ilhéus, negras e negros lutam por sua liberdade, sendo agentes de sua própria vida, escrevendo sua própria história.
É preciso salientar também que a assinatura da Lei foi algo muito conveniente à família real no momento em que ela se deu, até porque em 1888 o Brasil era um país muito mais republicano do que uma nação imperial, o regime vivia uma crise e sentia seus últimos dias, nesse sentido, associar-se a uma causa tão popular com o abolicionismo caiu como uma luva nas mãos da família real, que mais do que ninguém queria salvar o regime, afinal seu luxo e regalias e toda uma rede de “nobres” dependiam disso. Desse modo não pouparam esforços em pintar a princesa como a salvadora dos negros, a santa libertadora que em nome da fé, trouxe a liberdade para os negros do Brasil, seus “filhos” e “compatriotas”, esperando que isso rendesse algo positivo em meio à sociedade imperial. Nada mais podre que imaginar que isso seja verdade, seria o mesmo que me dizer que os índios pediram para ser assassinados e escravizados como foram - isso fica para um outro debate - que os negros mesmo com a proibição internacional do tráfico de escravos pela Inglaterra desde 1850 preferiram continuar na humilhação e no mundo da servidão por mais 38 anos, claro que não, o que se deu foi uma omissão e um virar de costas para uma situação desumana e desrespeitosa para com os direitos do ser humano, o que aconteceu foi um negligenciamento por parte da família real – isso inclui a princesa Isabel -  em relação aos negros.
O que acontece é que negro e índio nesse país foi exilado de seu verdadeiro espaço não só nos nossos dias, mas em toda a sua história, facilmente percebe-se que seu campo de atuação sempre adotou práticas delimitadoras em que é ditado pelo calendário político nacional onde cada um tem o seu dia específico e muito bem restringido em um calendário “cristão” (me perdoem os cristãos, mas os fatos não negam) que em nome dele mesmo matou sua cultura e seu povo, tomou suas terras e estuprou suas filhas, matou seus filhos, desonrou sua fé e os escravizou até os últimos dias. É preciso entender que nesse país ideologicamente branco – e falsamente laico -, o negro só tem espaço nas manifestações culturais, onde gringo rico paga pra ver, parecem mais marionetes nas mãos de empresários que nos usam ainda como mercadorias e objetos em suas mãos...
Por fim encerro minha fala e abro o debate, em que digo, querem fazer de santa, que façam, mas que se mostrem os milagres e que nesse caso, e que, por favor, não seja o da libertação, pois a santa da conveniência em nada faz parte da história da libertação do meu povo e sim da dissimulação de um regime omisso.


News SAJ
Colunista/Leonardo Pedreira 
Feira de Santana 

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